terça-feira, 20 de maio de 2008

Mesa-redonda com Valter Sena e Milton Paes discute radiojornalismo atual















Valter Sena e Milton Paes durante mesa-redonda na UNIP.

Foto:Maikol Paolo Vancine




No segundo dia da Semana de Comunicação e Marketing, uma mesa-redonda composta pelos radiojornalistas Valter Sena e Milton Paes respondeu questões propostas pelos alunos de Comunicação sobre o atual formato do Jornalismo. Temas como futebol, preconceito, segmentação de público e o dia-a-dia dos veículos foram abordados pelos alunos e pelos convidados.

O primeiro assunto abordado foi o mercado de trabalho. Segundo eles, há dois cenários: o dos pessimistas, que criticam as poucas redações hiperlotadas e os otimistas, que vêem na internet uma nova oportunidade de trabalho.

Uma pergunta interessante levantada por uma aluna foi sobre o preconceito contra o Jornalismo esportivo nas rádios. Valter Sena esclareceu que, antigamente, os jornalistas que cobriam esportes eram considerados de segunda linha. "Hoje, em rádios como a CBN, no entanto, nenhuma editoria é mais importante que outra, sendo, portanto, dadas a todas a mesma importância", disse Sena. "O que é mais relevante é o assunto, o fato em si, e não a editoria".



Milton Paes complementou , afirmado que hoje o preconceito não existe mais. "Pelo contrário, muitas pessoas acompanham partidas de futebol assistindo pela TV e ouvindo pelo rádio ao mesmo tempo, porque a narração no rádio é muito mais vibrante".

Outra questão levantada por alunos diz respeito à abordagem que a mídia faz sobre a violência. Paes explicou que depende também de onde o jornal está sendo produzido. "A Rede Globo, por exemplo, quando produzia telejornal no Rio de Janeiro, tratava com muita ênfase da violência na capital aquele Estado. Quando o telejornal se transportou para São Paulo, viu-se uma explosão de casos de violência na capital. Isso tudo por quê?”, Vender desgraça dá mais Ibope. Não dá Ibope falar de coisas positivas, coisas boas”, analisou.



Um outro aluno levantou ainda a questão sobre e o preconceito da mídia com relação ao Presidente Lula. Paes avaliou que, na época em que o Presidente foi eleito, este preconceito era muito grande, não apenas por parte da mídia, mas também do empresariado. "Hoje, entretanto, essa questão está superada com relação ao passado. Muitos batem a cabeça com ele”, afirma. Ainda segundo ele, a eleição de um operário quebrou muitos paradigmas. Já Sena não vê muito preconceito.



O que acontece, segundo ele, é que as pessoas confundem por uma questão de familiarização: quando estão mais familiarizadas com determinado assunto, prestam mais atenção a ele.


"Quando Lula foi eleito, não se sabia se ele teria condições administrativas para governar o país. Hoje, percebe-se que estas condições são melhores do que se esperava. As pessoas criticam o presidente Lula quando este fala algo errado ou troca letras, porém, é indiscutível seu bom relacionamento com a mídia”, afirmou Sena. "A mídia gosta do Lula, contudo, é difícil para os jornalistas colocá-lo em saia-justa".

Valter Sena e Milton Paes falaram também sobre as diferenças entre os veículos de comunicação. Para Sena, a principal diferença entre o rádio e a TV está na agilidade. Os textos são muito parecidos, os formatos quase idênticos. Porém,”o rádio é um veículo mais ágil e, portanto, mais simples.



Tecnicamente, segundo ele, o rádio é mais simples. "Na TV, tudo dá muito trabalho”.

Paes completa que, apesar de mais simples tecnicamente, o rádio é também complexo, porque trabalha com a imaginação das pessoas.



"Você tem de trazer uma riqueza de detalhes para trazer as pessoas até o fato. Algumas até viajam com a notícia”.



Quanto ao veículo impresso, segundo Paes, ele tem uma vantagem com relação ao rádio e a TV: "enquanto estes são limitados pelo tempo, o jornal ou revista têm oportunidade de aprofundar a cobertura do fato. Ainda assim, a tendência é que o jornal, por conta da internet, deixe de ser comercializado e passe a ser oferecido gratuitamente aos leitores".

Por fim, os jornalistas falaram sobre a segmentação de público que ocorre hoje nas rádios. Segundo eles, antigamente não havia tal segmentação entre as rádios FM, mas, hoje, esta se faz necessária pela demanda do próprio público.



Ainda de acordo com os profissionais, rádios como Jovem Pan, Educadora e 89 são preferidas pelo público jovem, enquanto rádios como Nova Brasil, Antena 1, CBN são preferidas do público adulto das classes A e B, o que não significa que as classes C,D,E não ouçam rádio. A diferença, para eles, está no tipo de programação. Programações populares são preferidas das classes mais populares, enquanto a programação da CBN, Nova Brasil e Antena 1 são degustadas pelas classes mais altas, segundo inclusive, pesquisas do Ibope.



Ana Paula Fontana

Um comentário:

Anônimo disse...

Os radialistas sempre agradam muito!
Andréa Sampaio